terça-feira, 29 de outubro de 2013

Quando o sexo é pecado?


Por Alexandre Feitosa
Muito se tem discutido no meio inclusivo sobre o momento certo para a prática do sexo. Com a última conquista – o casamento igualitário – a questão voltou à tona e causa muitas dúvidas, principalmente entre os cristãos gays que não querem ferir os princípios bíblicos para o sexo. O foco desse artigo não é analisar o momento do sexo em um contexto homoafetivo ou heteroafetivo, mas sua prática de uma forma geral.
Falando biblicamente, o sexo é pecado quando o outro é visto simplesmente como um meio pelo qual saciamos nossa libido (ou mesmo instintos de violência e humilhação) ou quando nos apresentamos da mesma forma: dispostos a fazer sexo apenas por prazer e como um ato desprovido de laços e sentimentos. O sexo é pecado quando os envolvidos se tornam objetos descartáveis, úteis somente durante o uso. Em resumo: o sexo é pecado quando usamos diferentes corpos e nos deixamos usar. 
A maioria cristã acredita que apenas no casamento civil o sexo é aprovado e abençoado por Deus. Entretanto, o casamento não é garantia de que o sexo esteja isento de pecado. Baseados em uma leitura superficial de 1ª Coríntios 7.3, há homens que, por meio do poder físico e verbal (o discurso também é uma forma de poder e opressão) fazem de suas companheiras verdadeiros objetos, revelando ausência de amor, não a presença dele.
Vejamos o que nos diz o apóstolo:

“O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu marido.”

Percebamos que Paulo iguala os gêneros, ressaltando que os deveres conjugais pertencem a ambos. Tais deveres, entretanto, devem ser analisados sob o contexto maior: o amor entre os cônjuges, descrito pelo mesmo apóstolo em Efésios 5.25 e 28:

“Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela [...] Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo.”

Á luz desse texto, fica claro que o sexo deve ser encarado como um bem íntimo do casal, a ser desfrutado sob a égide do amor e do respeito ao cônjuge e ao seu corpo. O corpo de nosso cônjuge é a extensão do nosso corpo, quem ama o seu cônjuge ama a si mesmo! É um princípio bíblico simples, mas, ao mesmo tempo, belo e profundo!
Na época bíblica, a cultura atribuía ao sexo o marco inicial do casamento. O homem que praticasse o sexo com uma virgem era obrigado a casar-se com ela (Êxodo 22.16). O poder espiritual do sexo é capaz de transformar duas pessoas em uma, sejam elas casadas ou não, se há compromisso e estabilidade entre elas ou não (compare gênesis 2.24 com 1ª Coríntios 6.16). Aquele que faz sexo com seu cônjuge torna-se um com ele, da mesma forma que aquele que se prostitui, torna-se um com a outra parte. Por isso, o contexto de estabilidade é o ideal para se desfrutar uma vida sexual segundo os padrões bíblicos.
As Escrituras indicam vários tipos de relações sexuais ilícitas e, sem dúvida, todas elas são apresentadas em um contexto de uso e descarte dos corpos, nunca relacionadas a relacionamentos estáveis: adultério (sexo fora do casamento – 1ª Coríntios 6.9), fornicação (sexo entre solteiros descompromissados – Hebreus 13.4), prostituição (sexo por dinheiro ou para obtenção de algum favor – Deuteronômio 23.17 e 18) e abuso (Gênesis 19.5).

O pecado sexual (como todo pecado) tem origem na concupiscência (desejos humanos) do coração e é desprovido de amor. Sua natureza é puramente carnal e incapaz de produzir algum efeito que não seja a degradação moral e espiritual (Tiago 1.14 e 15). Nos relacionamentos estáveis (em que há compromisso, aliança entre as partes – juridicamente casadas ou não) o sexo não pode ser visto como pecado, pois não configura nenhuma das transgressões sexuais apresentadas nas Escrituras.

“O casamento em nossa sociedade é bem diferente daquele existente na cultura judaica apresentada na Bíblia. Normalmente, entre os casais homoafetivos, casar equivale a dividir o mesmo teto, porém, isso não significa que o sexo deva estar ausente no período de namoro. É uma escolha que cabe ao casal. A maioria dos casais homoafetivos encara o namoro como uma modalidade de relacionamento estável e desfruta normalmente de uma vida sexual. Entretanto, quando pessoas homossexuais praticam sexo sem compromisso, cometem porneia, ou, especificamente, a fornicação."
"Esperar o momento certo para desfrutar a intimidade é o melhor caminho. O sexo deve ser fruto não apenas de desejo, mas de sentimento, compromisso e estabilidade. O sexo deve nascer, solidificar-se e amadurecer com os demais aspectos do relacionamento." (O Prêmio do Amor, p. 145)

Em suma: o sexo por prazer e sem compromisso é pecado, o sexo com amor e compromisso é bênção. Entretanto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma conquista que não pode ser ignorada. Os casais homoafetivos que hoje vivem um relacionamento estável devem trabalhar juntos a fim de desfrutar esse direito tão esperado!


Artigo baseado na Obra “O Prêmio do Amor”.

2 comentários:

  1. CONCORDO COM TUDO ESCRITO. TAMBÉM NÃO ACHO PECADO SEXO ENTRE SOLTEIROS; DESDE Q SEJA ESTÁVEL E COM AMOR. AS RELIGIÕES E ESSES RELIGIOSOS FANÁTICOS,LEGALISTAS E FUNDAMENTALISTAS, DEMONIZARÃO O SEXO. PARABÉNS PRA QUEM ESCREVEU ESSE TEXTO. AONDE FICA ESSA IGREJA ?

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  2. Nos primórdios da “RELIGIÃO PARA TODOS”, também conhecido como “cristianismo primitivo”, ninguém saía por aí afirmando que fulano era gay, mesmo que ele fosse; apenas para reforçar a fábula do Adão e Eva...
    Ou para pregar o “Crescei e multiplicai-vos” da comunidade judaica, e dos poucos judaizantes que existiam.

    Em 533 foi promulgado pelo imperador cristão Justiniano o primeiro texto de lei proibindo a homossexualidade entre os cristãos.
    E Justiniano vinculou as relações homossexuais ao adultério, que previa a pena de morte.
    Embora entre 538 e 544, as leis em vigor obrigassem os homossexuais se arrepender do “Pecado” da Sodomia, e fazer penitências.
    A versão de liberar o sexo apenas para a procriação, só se fortaleceu a partir do século 7, quando aconteceu a expansão do islamismo.

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