domingo, 1 de janeiro de 2012

A Incoerência Hetero

Foliões heterossexuais em carnaval do RJ
Por Alexandre Feitosa
Hoje é o primeiro dia do ano, feriado de Confraternização Universal. Dia em que todos, a princípio, revêem seus próprios paradigmas, revisam antigas atitudes a fim de começar o novo ano com mais maturidade e mais consciência.

No início da tarde de hoje, ao ir para a casa de meus pais, passando próximo à praça da esquina, deparei-me com uma cena inusitada: uma partida de futebol em que todos os participantes estavam maquiados e travestidos. A partida transcorria alegre, como uma grande festa. E era, de fato, uma festa de confraternização pelo ano que nasce. Naquele momento, creio que fui tomado por um certo sentimento heterofóbico! Risos... Sim, pois não consigo entender como um grupo pode celebrar e consagrar os homossexuais em alguns momentos e agir com violência contra eles em outros momentos. Como entender que a mesma celebração se torne em violência?

Não estou aqui generalizando o comportamento das pessoas de orientação heterossexual, apenas expondo a atitude de muitos, completamente incoerente.

Impossível não me recordar da excelente matéria (de capa) veiculada pela Revista Época – Março de 2011, cujo título era: “Amor e ódio aos gays”. O lead da reportagem  não poderia ser mais claro: No carnaval, o Brasil aceita, imita e consagra os homossexuais. Por que, no resto do ano, há tanta violência contra eles?

Em 2012, estima-se que 252 homossexuais foram assassinados. Orientação sexual dos assassinos? Heterossexual! Quase uma morte por dia. Motivo? Intolerância, homofobia!

Ahmadinejad (Irã) e Mugabe (Zimbábue) perseguem oficialmente os homossexuais
É notório o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil. Natural seria que, com o avanço dos cristãos, os direitos humanos fossem ampliados. Mas não é isso que acontece. O que essa igreja tem feito diante desse quadro? Infelizmente a Igreja, de onde a voz que protege a minoria desvalida deveria sair, tem lutado contra todo e qualquer projeto de Lei que torne a homofobia crime no Brasil. Não fossem as bancadas evangélica e católica, tanto no Senado quanto na Câmara, nosso país já teria avançado, e muito, nos direitos humanos para a comunidade LGBT. O amor pregado pelos cristãos tradicionais não encontra lugar quando o assunto é o combate à homofobia. Os maiores mandamentos (confira Mateus 22.37 a 39) são reduzidos apenas ao discurso, não refletindo no principal, ou seja, nas atitudes.

É tempo de reforma eclesiástica! Vidas são ceifadas, e com o aval da Igreja! Não tenho dúvidas de que Deus olha com tristeza e indignação lá do céu cada vez que um cristão luta para perpetuar a intolerância, para suprimir direitos essenciais, como a proteção do Estado às minorias.

Torno a dizer: a Igreja não precisa mudar suas crenças para aceitar a homossexualidade, os homossexuais e seus relacionamentos afetivos; precisa apenas pôr em prática sua pregação, seu discurso e começar a respeitar o ser humano homossexual em sua integridade, olhando-o com o olhar de Deus. Precisa ver em cada homossexual a imagem e a semelhança do Criador.  A Igreja deveria lutar pela proteção de todo ser humano acima de qualquer particularidade que este possua.

A Bíblia, escrita há centenas de anos – mas de uma atualidade incrível – já se indignava com líderes religiosos que agiam assim:

 “Seus líderes são vira-casaca que preferem a companhia dos corruptos. Eles se vendem a quem der o lance maior... Nunca levantam a voz em favor dos sem-teto, nunca se apresentam em favor dos indefesos”. Isaías 1.22 e 23. (Bíblia A Mensagem)

Entretanto, como ocorreu no tempo do Profeta, temos de Deus uma promessa:

“Vou pôr juízes honestos e conselheiros sábios entre vocês, como era lá no início. Então, vocês serão famosos, A Cidade Que Trata Bem O Povo, A Cidade Correta.” Isaías 1.26 (Bíblia A Mensagem)

3 comentários:

  1. Alexandre, essa tradução da Bíblia - A mensagem é super interessante. Uma linguagem clara e bem atual.

    Além disso, essa incoerência é apenas mais uma das milhares que os héteros nos apresenta, como os HSH (Ah, eu transo com homens, mas eu não sou gay!!! - Sei, tá bouuaaa!!!), os casados enrustados que traem suas esposas com outros homens, etc.

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  2. Escreveu seu artigo da mesma forma que homofóbicos fazem: Atribuiu certas coisas a sexualidade (no caso hetero)e não ao individuo. Isto é, está cometendo o mesmo erro que homofóbicos.

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  3. Olá, "Preso por fora". Tudo bem?

    Creio que você não compreendeu bem as ideias expostas no texto. Em nenhum momento atribuo a homofobia à heterossexualidade, mas a algumas indivíduos, como fica claro no trecho:"apenas expondo a atitude de muitos, completamente incoerente." "Muitos" aí é um artigo indefinido que refere-se a pessoas, não à orientação sexual delas. Expus dados apresentados na Revista Época cometidos por indivíduos de orientação heterossexual, isso não é atribuir à heterossexualidade a responsabilidade pelos crimies.

    Como o próprio texto sugere, sou contra generalizações. Se há algum trecho heterofóbido no meu artigo, por favor, gostaria que apontasse, pois sou muito flexível e pondero sobre o que escrevo. Não sou dono da verdade.

    De qualquer forma, obrigado pela contribuição!

    Volte sempre e tenha um Feliz 2012.

    Pr. Alexandre Feitosa

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