O texto abaixo foi incluído aqui, principalmente para dar exemplos da vida real de pessoas de orientação homossexual e de como enfrentaram sua situação. Trata-se de mais uma ilustração do ponto de vista já manifestado de que, enquanto cristãos, nossa discussão de questões ligadas à homossexualidade somente pode ser eficaz se pensarmos em termos de pessoas reais, e não só em termos de ideias e preconceitos da nossa herança cultural.
Eu sou lésbica. Também sou musicista, amiga, esportista, cozinheira, "do lar" e ser humano. A maioria desses atributos não tem sido causa de irritação ou desprezo por parte de outras pessoas. Por alguma razão ilógica minha orientação sexual é o foco da atenção de muita gente, acima e além de todas as outras partes da minha personalidade que me fazem quem eu sou.
Fui criada numa família branca, de classe média, pai e mãe, uma irmã, neste país rico e predominantemente cristão que é a Nova Zelândia. Com todos os privilégios da minha criação, não me faltaram oportunidades na infância. Mas todas as oportunidades do mundo não me pouparam das realidades da vida.
Na minha língua, que é o inglês, eu optei por me chamar de queer (diferente, estranho), uma vez que esse termo para mim engloba gays, lésbicas, pessoas transexuais e bissexuais. Essa palavra tem sido usada como termo depreciativo, mas eu optei por resgatá-la como termo inclusivo para aquelas pessoas entre nós que têm orientação sexual diferente das pessoas heterossexuais. Tenho orgulho de pertencer a esse grupo de pessoas que estão lutando para educar gente ignorante e intolerante no sentido de que ser queer não é ruim, nem doentio, nem pecaminoso.
Mas embora a vasta maioria de nós leve uma vida perfeitamente aceitável e, ouso dizer, normal, continua existindo um segmento da sociedade que abusa de nós na mídia, em nossos empregos e em nossas comunidades.
Fico perplexa e acho ridículo que boa parte desse abuso provém de organizações e igrejas cristãs. Fui educada por pais cristãos e frequentei uma igreja presbiteriana até os 15 anos. Não sou cristã nem pertenço a uma organização religiosa ou a um grupo religioso. Não compreendo como gente que se chama cristã possa pregar amor e perdão para alguns e ódio e condenação para outros.
Depois, há aquelas pessoas que dizem apoiar a comunidade gay, lésbica, transexual e bissexual, mas continuam a perpetuar mitos acreditando que a vida seria mais fácil para nós se fôssemos heterossexuais. A vida com certeza seria mais fácil para nós se acabasse a intolerância de alguns heterossexuais. E uma grosseria e um insulto ouvir dessa gente que prega a aceitação que, para a vida ficar mais fácil para mim, quem deve mudar sou eu, e não eles.
Cerca de quatro anos atrás, tomei a decisão de que não mais me permitiria reprimir minha orientação sexual só para não causar embaraço a outros que não aceitam as pessoas como elas são. Tomei a decisão muito pessoal de ser franca sobre minha homossexualidade de uma forma não-confrontacional, em todas as situações sociais. Seria legal não ter que fazer isso, mas parece ser a única maneira de fazer com que parem de supor que eu seja heterossexual. O processo de se assumir publicamente é profundamente pessoal, e revelar a orientação homossexual de um indivíduo sem a sua permissão é invadir sua privacidade.
Ser lésbica é muito mais do que simplesmente ter uma relação sexual com outra mulher. Compartilhamos uma parceria cheia de amor, prazer e compromisso. Na minha opinião, esse é o tipo de relação que a Igreja poderia e deveria apoiar.
Espero que isso aconteça enquanto eu estiver viva.*
Jolleen Cherry
Confira nos artigos mais recentes, a história da família de Jollen contada por sua mãe!
Bom dia amigo Alexandre!
ResponderExcluirEssa História é parecidíssima com a minha... Me vi em quase tudo!
Fiquei emocionada. Beijos.
Olá, Lidiane! Que bom receber um comentário seu!
ResponderExcluirPois é... acredito que muitos se identificaram com essa história, principalmente nós que viemos de lares cristãos.
Esteja sempre por aqui! A casa é sua!
Beijos!
Alexandre Feitosa
Linda a história! A parte que mais gostei foi o trecho onde ela diz que
ResponderExcluir"O processo de se assumir publicamente é profundamente pessoal, e revelar a orientação homossexual de um indivíduo sem a sua permissão é invadir sua privacidade".
Sair do armário é um processo doloroso e difícil. Contudo, isso seria mais suave se os pais soubesse como lidar com a situação a partir do momento que desconfiassem dessa característica nos filhos.
Uau, ela disse tudo o que eu realmente penso, adorei esta postagem, a melhor do seu blog até o momento, não desmerecendo as outras, mas ela é mais profunda!
ResponderExcluirOlá, Jeovanne! Obrigado pelo comentário!
ResponderExcluirÉ um lindo texto mesmo, sensível, realista, profundo!
Em breve publicarei a história da família de Joleen escrita pelos seus pais! Está imperdível!
Abraços e volte sempre!
Alexandre Feitosa
Alexandre, graça e paz! Bom dia!
ResponderExcluirNós já conversamos alguns pontos que vão ao encontro do texto acima e o principal é: encontro-me neste momento de estar a me abrir mais uma vez para o mundo acerca da minha condição sexual, ou seja, da minha homoafetividade. E que hoje graças a Deus e a ti vivo de forma plena. Isso não tem preço.
Lembremos que Deus é conosco. Sempre.
Ele tem salvado pessoas por meio de nós.
Saudades... juntos! = .)