terça-feira, 26 de julho de 2011

Amy Winehouse: 27 anos, marginalizada, incompreendida...

 
Explorada pela mídia, perseguida pela fama e pela sede dos paparazzi, Amy é o retrato fiel do talento que se refugiou em si mesmo, em seu próprio mundo, em sua solidão latente. Talento e solidão que a forçaram a ter nas drogas e nas bebidas seus amigos mais íntimos e fiéis. Não a traíam, embora a destruíssem; não a abandonavam, embora a matassem aos poucos. Admirada, mas incompreendida; exposta, porém enigmática. A falta de amigos, autênticos e leais, levaram Winehouse a um abismo cada vez mais profundo e inacessível; abismo de onde apenas Deus poderia resgatá-la, por seu infinito amor e graça. Há um grande paradoxo na vida de Amy, como há na vida de muitas pessoas: estão tanto em evidência que acabam por viver à margem, ou melhor, passam apenas a existir; a fama as torna reféns de si mesmas e a impossibilidade em esconder-se acaba por colocá-las em um caminho, muitas vezes, sem retorno.

Em sua música mais famosa, Rehab - Reabilitação - seu envolvimento com drogas e álcool é bastante nítido, bem como a solidão como uma espécie de propulsor dessa realidade: "Eu não quero beber nunca mais, eu só preciso de um amigo..." uma canção importante, mas de mensagem ignorada, certamente. A exemplo de muitos gays, Amy Winehouse tornou-se refém de sua própria identidade. Entretanto, ao contrário destes, viveu sua liberdade ao extremo, não se importando com a sociedade ao redor, embora fosse vista como uma péssima influência ou mesmo como uma ameaça. A ousadia de ser autêntica, entretanto, custou-lhe caro demais. A ausência de amigos em forma humana levou-a a escolher o que era mais fácil e acessível: os amigos em forma de substâncias químicas: o que ceifou precocemente sua vida. Não é apenas de Winehouse a culpa de sua própria morte, ainda inexplicada. Amy é mais uma vítima de uma sociedade que rejeita o diferente, reservando-lhe um lugar do lado de fora, forçando-lhe a atitudes e comportamentos autodestrutivos.  Como Sansão, Amy colheu as amargas consequências das alianças e escolhas erradas, belas por fora, mortais por dentro. Marginalizada pela própria dinâmica da fama extrema, a triste história de Amy coincide com a realidade de todos aqueles que se encontram rejeitados e, ao mesmo tempo, são vistos como ameaça por uma sociedade hipócrita, que vive de máscaras e aplaude uma decência disfarçada de bons costumes. 

Não há paralelo melhor entre Amy e os Gays: aplaudidos em determinados momentos e odiados em outros, e o pior, tais aplausos e tal ódio provém do mesmo público: nossa hipócrita sociedade.  A Revista Época (7 de março de 2011) trouxe como matéria de capa essa questão, com o seguinte título: "Amor e ódio aos gays". A matéria trazia o seguinte subtítulo "No Carnaval, o Brasil aceita, imita e consagra os homossexuais. Por que, no resto do ano, há tanta violência contra eles?" O destino de muitos gays, inevitável e irrevogavelmente, será o mesmo de Amy: a morte precoce, quer pela força da homofobia patológica, quer pelo poder “voluntário” do suicídio, motivado pela homofobia internalizada.

Há quem dê graças a Deus pela morte da cantora, especialmente uma parcela cristã fundamentalista, vendo, nessa tragédia, uma espécie de “agir” de Deus para preservar a sociedade se sua maligna influência. O verdadeiro cristão sentiu tristeza por sua morte precoce. Sentir dor quando vidas são ceifadas, especialmente aquelas que vivem sob o jugo da escravidão, é uma atitude cristã de amor ao próximo. Especialmente os feridos, como Amy. Winehouse poderia ter experimentado uma transformação por meio do impossível de Deus. Talvez tenha rejeitado a oportunidade de entregar-se a Cristo; talvez nunca houve alguém que lhe anunciasse, de maneira pessoal, o Evangelho. 

O Deus a quem pregamos é capaz de retirar o homem do mais profundo abismo, por mais tenebroso que este seja, ainda que a própria igreja o rotule de indigno, agindo como juiz com base em um sentimento de superioridade espiritual, sentimento muito bem exemplificado nas Escrituras por meio dos doutores da Lei – conhecidos como fariseus – especialistas em definir quem estava ou não, de acordo com as normas divinas. 

Sua morte precoce representa um alerta para nós, cristãos, afinal, não são poucos os que são levados, por circunstâncias diversas, a dar cabo de sua vida, voluntária ou involuntariamente. A morte de Amy nos indica que há gritos de socorro, ecoados sob os ruídos da intolerância social ou religiosa, que necessitam ser ouvidos, compreendidos e, principalmente, atendidos. Estar sensível à voz do Espírito é também estar sensível ao clamor dos perdidos.

6 comentários:

  1. Infelizmente a mídia cria pop stars e jogam todas as suas fichas nesta pessoa, divulgam a qualquer custo, esperando um retorno seja de audiência ou visibilidade. A fama extrema em geral nunca é saudável, isso é uma pena, pois poderia ser usada em prol de muitas causas sociais!! Amy foi posta em um local que ela mesmo não suportou, o mundo enxergava nela apenas uma estrela e ela apenas uma menina, que não conseguiu ostentar o que lhe foi dado, ninguém estendeu a mão apenas queriam mais dela.
    Mas o que mais detesto é quando a culpam por tudo isso, mas ela foi vitima apenas.

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  2. Do jeito que as coisas vão, não muito breve estaremos uma matéria semelhante com Lady Gaga, ela é humana e já sabemos como esta a vida dela, apenas vemos a cantora pop definhando!! Espero que Deus mova antes disso!!

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  3. sim tudo no qual vc expos leio e enxergo apenas uma coisa a descriminação,(o preconceito)!tantos são os pedidos de socorro em silêncio,no vazio de tantos corações e no entanto a intolerancia e falta de amor ao próximo é maior tornando cada vez mais insuportável.a exemplo da nossa tv q hj expoe muitos personagens gays mas todos associados a graça!não entendo o pq assim como vc falou no carnaval os gays são lembrados no restante do ano massacrados.sim pq assim como um todo já q estar sendo exposto os personagens como graçinhas,ou seja o tempo todo é um rótulo q se forma q gay tem q ser engraçado!não discordo somos iguais perante a Cristo MAS cada um tem uma personalidade.Aí estar o preconceito,enquanto eles acham q tão abrindo a telinha pra mostrar a realidade vj por outr lado.Nossa será q nunca muda?obg pelo espaço bjs

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  4. Alexandre, graça e paz! Bom dia!

    O seu texto apresentou fatos que devem ser realmente levados para uma reflexão.

    Concordo contigo em gênero, número e grau.

    Particularmente, nunca gostei dessa cantora, pois as suas letras em nada de positivo agregavam na minha vida.

    Imagine a "voz" que ela possuia louvando e adorando o Senhor dos Exércitos?!

    Com carinho, JC

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  5. Pessoal, obrigado pelos comentários! Cada um deles contribui com nossas reflexões e com nosso crescimento como pessoas e como cristãos.

    Estejam sempre por aqui! A casa é de vocês!

    Abraços fraternos a todos!

    Alexandre Feitosa

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  6. Amado vc foi muito feliz em suas palavras, esse txt é pertinente a nossa realidade.
    bjim.

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