terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dica de Leitura: Encarando Nossas Diferenças

      
Uma das causas da homofobia religiosa é, certamente, o desconhecimento do significado da palavra homossexualidade. Confundida com uma simples prática sexual, a homossexualidade não encontra espaço para uma discussão mais profunda na maioria das igrejas. “Encarando nossas diferenças: As igrejas e seus membros homossexuais” apresenta um importante avanço na discussão do assunto. É um livro ousado, que desbravou os caminhos espinhosos da ignorância e trouxe à luz uma grande verdade: há homossexuais na igreja: eles são membros, líderes, pastores, enfim, homens e mulheres vivendo clandestinamente dentro de um grupo que não lhes oferece as respostas necessárias, antes, evita buscá-las, acreditando tê-las. O assunto é tratado sempre a distância, como se pertencesse a uma outra esfera senão à própria igreja.

Reverendo Alan A. Brash (1913-2002)
foi pastor presbiteriano e vice-secretário
geral do Concílio Mundial de Igrejas
entre 1974 e 1978
O pastor presbiteriano Alan A. Brash resolveu sair do senso religioso comum e buscou compreender a homossexualidade com um olhar de empatia, com um olhar de amor pastoral, buscando conhecer a gênese dessa realidade que a tantos oprime e exclui do Corpo de Cristo. O resultado deste livro, editado no Brasil em 1998, pela Editora Sinodal, é uma obra equilibrada, profunda, de caráter inteiramente bíblico e, o principal, inclusivo. Alan A. Brash é mais um pastor que defende a inclusão de gays e lésbicas à igreja, sem que estes sejam pressionados a mudar sua sexualidade ou a entregar-se à solidão do celibato. 
      
O autor dedica um capítulo para descrever as discussões e os avanços das igrejas reformadas européias no tratamento do assunto, traçando um panorama importante para a compreensão histórica da inclusão de gays e lésbicas na igreja. Obra indispensável para quem deseja entender a trajetória da inclusão e mesmo da exclusão dos homossexuais em vários aspectos, como a ordenação para funções eclesiásticas. Brash oferece ao leitor a oportunidade de refletir sobre um tema que diz respeito a todos nós.
            
Um dos capítulos mais interessantes trata da natureza da sexualidade. Outro capítulo essencial trata dos textos bíblicos que, supostamente, condenam a homossexualidade. Surpreendentemente, Alan A. Brash supera as interpretações tradicionais e conduz o leitor a uma compreensão panorâmica de determinados textos, revelando que uma leitura diferenciada é, não apenas possível, mas necessária.
         
Ao fim do livro, há um apêndice com três comoventes histórias de cristãos homossexuais que abriram seus corações, trazendo à tona detalhes que nos tocam profundamente e, principalmente, renovam nossa visão acerca de pessoas que estão próximas a nós, muitas vezes sofrendo em silêncio.
            
Encarando nossas diferenças” está disponível para venda em nosso Blog. Trata-se de um trabalho necessário, também, para cristãos em geral que ainda acreditam que a Teologia Inclusiva é invenção de homossexuais empenhados em deturpar as Escrituras. É um livro fundamental para líderes religiosos que buscam uma orientação pastoral mais sólida a fim de lidar com  seus membros de orientação homossexual.


Trechos:
"[...] A realidade sexual para a maioria das pessoas é uma atração que elas sentem por pessoas do sexo oposto... mas há um grupo que sente atração apenas por pessoas do mesmo sexo, e não se trata de uma questão de escolha. É simplesmente a sua constituição. É desse grupo que nos ocupamos no presente livro. [...] Capítulo 2


"Como a história de Sodoma continua sendo usada em muitas igrejas como prova da condenação divina da atividade homossexual, é necessário esclarecer certos pontos básicos ao redor dos quais tem surgido certa confusão. Em primeiro lugar, a história obviamente não é, de forma alguma, um exemplo do que atualmente entendemos como sendo relações entre pessoas de orientação homossexual. O que se pretendia era um estupro em massa de dois homens, cometido por uma horda de homens. Como se mencionava todos os homens da cidade, dando-se certa ênfase a este aspecto, os que planejavam atacar não eram apenas pessoas de orientação homossexual. Tratava-se muito menos ainda de uma relação de consentimento mútuo, mas de uma violação de duas pessoas por uma multidão. Semelhante estupro em massa é condenado por toda e qualquer religião e por todo e qualquer código moral conhecido" (Capítulo 4)



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