sexta-feira, 3 de junho de 2011

PL 122: Mordaça Gay ou Garantia de Direitos Humanos?

          Nunca o PL 122 esteve tão comentado e tão polemizado. Como cristão inclusivo, advindo de uma estrutura cristã conservadora, percebo que a Igreja não tem consciência de que suas crenças e sua defesa não se enquadram ao texto do PL 122. Não há dúvidas de que o discurso religioso tradicional sobre a homossexualidade é nocivo: muitos cristãos afastam-se da Igreja, outros adquirem depressão e, em casos extremos, cometem suicídio após um longo e doloroso processo rumo à mudança, não alcançada em mais de 90% dos casos. Apesar dessas consequências negativas e dolorosas a gays, lésbicas e transgêneros, nenhuma dessas situações pode ser enquadrada ao texto do PL 122.
         Algumas igrejas proíbem às mulheres ocupar cargos de liderança e realizar pregações ou a prática docente. O pior é que o exercício dessa proibição é “validado” segundo suas interpretações bíblicas. É irônico, pois as mesmas igrejas que retiram direitos – no caso, a liberdade de expressão das mulheres – em nome de suas doutrinas, lutam para pôr fim a um projeto de lei que puniria apenas a incitação ao ódio e à violência por orientação sexual, o que protege, inclusive, os heterossexuais, caso sintam-se alvo de alguma manifestação heterofóbica.
         O maior objetivo do projeto é coibir e punir a discriminação e todas as formas de violência advindas desta, o que, a princípio, não se aplica a crenças e opiniões religiosas contrárias à homossexualidade. Estou certo de que, em certos casos, o discurso religioso, mesmo inconscientemente, tende a ser homofóbico, pois produz preconceito, discriminação e, por vezes, algumas formas de violência. Creio também que a Justiça brasileira saberá discernir a questão, aplicando as penas previstas a quem, realmente, promover e praticar atos homofóbicos. Por isso, acredito que este é o momento de a Igreja rever sua postura frente à homossexualidade, ou, pelo menos, rever a maneira como tem tratado cristãos de orientação homossexual. Eles não estão distantes da Igreja, ao contrário, estão lá dentro: são membros, ministros de louvor, pastores, padres etc...
         Nesse cenário, entra o que se chama tolerância, que não é a aceitação plena de algo ou alguém, apenas a manifestação do respeito às diferenças das quais discordamos. Essa deve ser a postura da Igreja e nada há no projeto que ofereça perigo ao respeito advindo da tolerância. Promover amor, respeito e tolerância às diferenças deve ser a postura da Igreja, jamais a promoção de preconceito, discriminação e violência, do contrário não estará refletindo os ensinamentos de Cristo.
         Ontem, 02/06, após reunião com o senador Marcelo Crivella, Marta Suplicy admitiu a possibilidade de um projeto alternativo, já que é consenso entre os senadores a aprovação de uma lei que puna atos homofóbicos. O problema maior é encontrar um denominador comum, que contemple as reivindicações da militância LGBT e das bancadas religiosas. O novo texto seria construído em parceria com Crivella.
         Segundo o portal Rede Brasil Atual:
        Além dos dois parlamentares, participaram também do encontro o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis. Marta afirmou que o saldo da reunião foi positivo e que o os senadores estão alcançando um consenso. “Temos em comum o combate à violência aos homossexuais e a preservação da liberdade de expressão aos religiosos”, garantiu.

         Nós, cristãos inclusivos, esperamos e oramos para que, por meio da reformulação do PL 122 e sua aprovação, o Brasil se torne um país mais justo e um referencial de respeito aos direitos humanos. Ao contrário do que tem acontecido, as lideranças eclesiásticas deveriam lutar para fazer valer os valores cristãos, contribuindo com o fim da discriminação e da violência, sejam de que ordem for, preservando-se, claro, a liberdade de expressão de ambos os lados. Dessa forma, o PL 122 não deve ser encarado pelos religiosos como uma mordaça, mas como um meio capaz de combater, não opiniões contrárias ou mesmo o preconceito, (muitas vezes, velado ou disfarçado) mas o tratamento discriminatório e a violência contra pessoas de orientação homossexual.
                       
     Visite o site oficial do Projeto clicando na imagem abaixo:

6 comentários:

  1. Não consegui entender ao certo sua dissertação sobre o pl122.Ora parece ignorância,desconhecimento total do texto,ora parece mesmo protecionismo.De qualquer forma seu texto se enquadraria como no mínimo confuso.

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  2. Parabens pelo texto, bastante claro para que qualquer leigo possa entender. Brilhante o seu comentário nesse texto informativo e discursivo. Continue sempre nos informando e nos fazendo refletir.

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  3. Olá, Anselmo. Tudo bem?

    Talvez o texto não seja tão claro assim para todos, afinal, é uma reflexão a partir de cristãos homossexuais e da Teologia Inclusiva,portanto, quem está de fora pode não ter a mesma compreensão, achando o texto confuso ou baseado na ignorância.

    O texto não é protecionista pois o assunto em questão nada te a ver com comércio, mas com direitos. Tanto os cristãos homossexuais e suas comunidades são favoráveis à criação de leis que punem atos homofóbicos, contribuindo para o pleno exercício dos direitos humanos.

    Abraços e volte sempre!

    Alexandre Feitosa

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  4. Obrigado, José Ricardo. Esse trabalho só é possível, graças às visitas de leitores e suas contribuições!

    Volte sempre!

    Abraços fraternos,

    Alexandre Feitosa

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  5. Muito bom o texto e também apoio a decisão, pois tem coisas na PL122 que não concordo e acho desnecessária

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  6. Olá, Leonardo. Obrigado pelo comentário!

    Esteja sempre por aqui! Esse espaço é nosso!

    Abraços!

    Alexandre Feitosa

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