quarta-feira, 22 de junho de 2011

Parada Gay e Igrejas Inclusivas: que postura tomar?

        No próximo domingo, 26 de junho, São Paulo promoverá sua 15ª edição da Parada do Orgulho LGBT, sob o lema "Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia!" Com edições nas principais capitais brasileiras, as paradas são movimentos de extrema importância, sem dúvida. É o momento em que a vergonha de outrora dá lugar ao orgulho de ser parte essencial não apenas da diversidade humana, mas parte, legítima e essencial, de qualquer sociedade. Embora o Estado seja laico, é necessário que a Igreja, como segmento da sociedade, se faça representar, também, nos movimentos político-sociais. Mas, uma pergunta paira no ar: teriam as paradas perdido seu propósito original? Alguns crêem que sim.
         Especificamente em SP, a Parada alcançou proporções colossais, rendendo-lhe o título de maior parada gay do mundo. Um dos questionamentos é: por que milhões participam das paradas e apenas milhares participam de manifestações como a Marcha Nacional contra a Homofobia, realizada mês passado em Brasília? O que a faz tão popular se os propósitos são os mesmos, ou seja, a reivindicação de respeito e de direitos essenciais? Embora a parada tenha uma agenda forte – realização de seminários, debates, palestras – sua fama maior deve-se à marcha realizada na Avenida Paulista – no ano passado, calculou-se a presença de cerca de 3,5 milhões de pessoas. Como a sociedade e o próprio meio LGBT encaram a Parada? Como uma forma de luta por conquistas fundamentais ou uma espécie de carnaval consagrado, com direito e temas importantes, como ocorre com as escolas de samba? Talvez a segunda opção seja a resposta mais ouvida caso realizemos uma pesquisa, não por causa de seus organizadores e propósitos – urgentes e necessários, sem dúvida – mas pelo que se transformou ao longo dos anos. Muitos que a frequentam sequer conhecem seu tema e sua grade de programações extra-marcha, estando mais preocupados com o exibicionismo de seus corpos e fantasias que com qualquer compromisso de luta da militância.
         Não é fácil abordar este tema em virtude de que nem mesmo os líderes de igrejas inclusivas possuem uma visão unânime acerca do seu papel. Não estamos exigindo que a Parada seja um movimento cristão, mas, assim como a Marcha Nacional contra a Homofobia acontece sem excessos, o mesmo deveria ocorrer com as Paradas e acredito que a Igreja Inclusiva é parte importante nesse processo, não apenas militando, mas fazendo a diferença, quer pelo comportamento, quer anunciando o amor incondicional de Cristo aos marginalizados que desejam um lugar ao sol, também, no exercício da fé.
         Ouso dizer que a Parada não perdeu seus propósitos originais, boa parte do público é que se perdeu e o que ganha visibilidade, infelizmente, não é o caráter sério e reivindicador do Movimento, mas os excessos, geralmente, estampando as manchetes de forma negativa. Qual o papel da Igreja Inclusiva diante dessa realidade? Dizer que tais excessos são características naturais dessa diversidade? Que não há promiscuidade, exibicionismo, excesso de álcool, de drogas ilícitas, de sensualidade e de nudez? Manter-se distante não é a melhor escolha, passar despercebida, como parte da multidão, muito menos. Então, que postura tomar diante de uma manifestação como essa?
         As manifestações das quais participei em Brasília, dentre elas a Marcha Nacional contra a Homofobia, não precisaram de nada disso para acontecer com dignidade e respeito. É fundamental, também, não fazermos da conduta de muitos nosso parâmetro para julgar o evento, retirando seus méritos e conquistas. Lembremo-nos de que o controle dessas atitudes não está ao alcance dos líderes e organizadores. Na verdade, o controle foi perdido há um bom tempo.
         Como igreja inclusiva, amamos e almejamos conquistar a comunidade LGBT para Cristo, apresentando-lhes uma nova possibilidade de se viver em novidade de vida como nos ensina a Palavra (Romanos 6.4; 2 Coríntios 5.17). Novidade de vida requer mudança de paradigmas, de atitudes, de comportamentos desviantes e decadentes. Como diferenciar o corpo de Cristo do resto do mundo? Como brilhar diante da escuridão se não há luz em nós? Como ser o sal da terra se não temos o poder de preservá-la? É claro que tais comportamentos não refletem a postura de todos os presentes nas paradas. Sou contra generalizações, sobretudo as injustas. Entretanto, a Parada não deve dar munição à sociedade, fazendo-nos alvos fáceis de críticas, ao contrário, deve revelar-lhe que, apesar da alegria e do caráter festivo, próprios da Manifestação, seu propósito principal é a conquista do respeito e de um tratamento igualitário por parte de nossas autoridades políticas, jurídicas e, por extensão, da própria sociedade. A Marcha Nacional é um belo modelo de manifestação, infelizmente, seu público não chega a 10% do público da Parada de SP.
         Diante de tudo isso, qual o papel da Igreja? Apenas político? Apenas evangelístico? Seria a verdadeira inclusão sinônimo de aceitação de práticas contrárias aos princípios bíblicos? Seria a comunidade LGBT imune a críticas pelo fato de ser, ainda, uma minoria  política, social e juridicamente marginalizada? A Igreja Inclusiva deve ser conivente com os excessos cometidos nas paradas gays de todo o Brasil? Fiquemos com o ensinamento bíblico:
    
         "Prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino" (2ª Timóteo 4:2).
        
         Não se trata de procurar converter a sociedade LGBT a uma igreja, o Evangelho é mais que isso, tampouco queremos transformar essa minoria em mais um grupo religioso fundamentalista, baseado em legalismos cegos e alienantes, antes, ansiamos por revelar que há lugar na casa de Deus para adoradores sinceros e sedentos, independentemente de sua condição sexual. (Atos 10.34)


5 comentários:

  1. é verdade, as pessoas estão perdendo a noção de que a parada gay tem como proposito a busca pelo respeito e tratamento igualitário, e acabam indo só para beber, fazer exibição de seus corpos e até mesmo se envolver em confusões, esquecendo o verdadeiro sentido da parada gay, e diante desses comportamentos são vistos como badernistas que nao merecem respeito.

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  2. Infelizmente, Dani... por isso temos que fazer a diferença, revelando à sociedade que nem todos agem assim.

    Beijo e volte sempre!

    Alexandre Feitosa

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  3. Olá Alexandre, graça e paz! Há tempos e bem antes da minha conversão, já possuia um pensamento "tímido" acerca das paradas: elas em certo momento perderam a "visão" da conquista de direitos iguais. E, acabou por virar um 'evento' "lucrativo" e trampolin para 'alguns' em suaa carreiras politicas e eventos. Aqui no DF que me lemebre fui somente a 1, não por medo ou algo parecido, mas sim, por não crer que estaria ali com 'outros' com o mesmo propósito. Alegro-me em ler o seu texto, pois a sua ideia e questionamento vão ao encontro dos meus. Mas, nos preparemos pelas 'pedradas' que estão por vir. Deus é conosco. E que tomemos a ação correta. Que a graça, a paz, o amor INCONDICIONAL e INCORRUPTÍVEL estejam com todos nós, sempre! Com carinho fraterno e abraço santo, JC

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  4. Bom, vou tentar ser breve e não pecar, deixando de, ao invés de apenas comentar, acabar escrevendo outra matéria aqui na parte dos comentários. A verdade é que todas as lutas de classes e todos os movimentos humanos na história acabam passando por três fases distindas: surgimento, e consequente impacto, estabilização, com a aceitação e rejeição social e institucionalização, onde o movimento perde força, deixa de ser novidade e acaba sendo apenas mais um no universo de ideias humanas. Pare e pense por exemplo nas lutas pelos direitos humanos. A luta pelos direitos de gays e etc em todo o mundo teve seu maior acirramento na década de 80 do século passado. Hoje, diria que o movimento, apesar de não totalmente aceito ou rejeitado pela sociedade civil, acabou por se institucionalizar antes do tempo: não conquistou aquilo que foi o motivo de seu nascimento. É lógico, durante todo o processo das lutas de grupos por seus direitos, aparecem aqueles que não exatamente comprometidos com a causa, dela se valem para lucrar. E ae entramos na Parada Gay. Do ponto de vista da teologia inclusiva, que prega a salvação de um mundo pecador, e a aceitação de Jesus, sem necessariamente deixar de ser gay, estão corretas as pastoras Lana e sua compaanheira. Devem sim sair na seara da Parada e espalhar o evangelho, para resgatar gays que estão perdidos. E o que seria esta perdição? Bom, que me desculpem aqueles de que forma alguma admitem qualquer crítica à comunidade LGBT( é isso mesmo, né?) mas a Parada Gay, especialmente a de São Paulo tem muito sim de perdição nela. Sexo explícito nas ruas, muito consumo de drogas, álcool, pessoas em coma alcoólico sendo socorridas ás pressas, pessoas urinando nas ruas, brigas, nudez e depravação. Isso sim é um imenso desserviço à causa que a Parada diz defender. Porque no universo da sociedade preconceituosa que vivemos, gays são exatamente isso que se vê... depravação, imoralidade, promiscuidade. Não conseguem ver que o gay é o professor, o engenheiro, o pastor é a pessoa normal que mora na esquina. Aliás este tipo de gay, pouco se vê na Parada. O que vemos são go go boys sarados, drags, travas e toda fauna bizarra deste universo, fauna esta que atrai os milhões da Parada e que os organizadors insistem em dizer que isso representa a aceitação da sociedade. Até minha avó, que era preconceituosa "a ufa", iria na Parada Gay pra ver aquele circo de animais exóticos que vemos desfilando. E ae, poderia dizer que ela estava lá por que aceita? É inocente não ver que o movimento perdeu o seu veio politico inicial. E para o gay, cristão que entender que pode e deve ter uma vida transformada, estar na parada hoje não seria um bom testemunho. Existem formas mais inteligentes de lutar pelos seus direitos. E menos carnavalescas também...

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  5. Sid, concordo com você, hoje a aceitação de algo que é abominação a Deus é 100% normal em uma lei, é normal pode se tudo, é assim mesmo que o Mau quer, tudo pode, nada esta errado, vejo alguns versículos isolados sendo utilizados, à um estudo com base na bíblia, onde explica com detalhes, tenho amigos Gays, sim, chingo eles ? brigo espanco eles ? não ! dou me limites e explico, eles tentam ( os que querem mudar ) sair deste universo, alguns ja conseguiram, é preciso tentar e se esforçar, não aceitar, mas ser diferente. http://pbmarcoaurelio.blogspot.com/2008/06/deus-abomina-o-homossexualismo.html

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