Tenho 38 anos, sou gay e fui curado! Como assim? Se
foi curado, como continua sendo gay? Explicarei! 28 anos dessa jornada foram
vividos em uma igreja convencional e conservadora: a Assembleia de Deus.
O
fato de a igreja não aceitar a homossexualidade como parte da diversidade
sexual humana, legítima e possível, não quer dizer que esta tenha a intenção de
ser homofóbica. Normalmente, a igreja tende a demonizar ou ignorar assuntos que
ela desconhece. Nas igrejas convencionais, as causas da homossexualidade estão
relacionadas a fatores hoje considerados mitos como: pai ou mãe ausentes ou
dominadores, possessão por espíritos malignos ou uma disposição consciente (escolha)
para a imoralidade (sem-vergonhice mesmo!)
Hoje
se sabe que a homossexualidade não é nada disso e alguns líderes religiosos já
se convenceram dessas verdades. Ainda assim, crenças e doutrinas influenciam
diretamente em como os cristãos convencionais enxergam os homossexuais e a
homossexualidade. Muitos usam Levítico 18.22 para expressar o que Deus pensa de
atos homossexuais. Se Deus acha esses atos abomináveis, nós devemos ter o mesmo
pensamento. O problema é que, por extensão, não apenas os atos homossexuais são
abomináveis, mas as pessoas homossexuais também. Na mente cristã convencional é
muito difícil dissociar uma coisa da outra. Deus destruiu os homossexuais de
Sodoma (Isso é mito, claro!), portanto, Deus abomina essas pessoas e traz
maldições onde quer que estejam, como a destruição da família, dos valores e
dos bons costumes! É assim que muitos cristãos raciocinam com base nos relatos
bíblicos.
Atingidos
diretamente (desde a infância, para muitos) por esse turbilhão de “verdades”,
os cristãos homossexuais acabam adquirindo doenças psíquicas sérias tais como:
baixa autoestima, complexos de inferioridade, sentimentos de indignidade, homofobia
internalizada (quando o homossexual não aceita sua orientação sexual)
frustração (ao não conseguir mudar), autocondenação, mágoas, depressão e
tendência suicida! Ao contrário do que se apregoa nos arraiais cristãos
convencionais, a homossexualidade não é doença nem é capaz de provocar
sofrimento por si só. O que ocorre é exatamente o contrário: as doenças
adquiridas pelos homossexuais são, sim, produto do meio em que vivem! Qualquer
um adoeceria quando visto como abominação, indigno do reino de Deus, doente,
endemoninhado, antinatural e ameaça às famílias. Dificilmente um homossexual se
mantém mental e psicologicamente saudável em um contexto com tais opressões.
Cresci nesse ambiente. Como muitos, adoeci. Profundamente! Por muito tempo, minha autoestima foi reduzida a
quase nada, sentia-se inferior às demais pessoas por não conseguir ser
“normal”, sentia-me indigno de herdar o Reino de Deus, rejeitei a mim mesmo,
autocondenei-me, frustrei-me pelas tentativas de mudança vãs, passei pelo vale
da depressão, pensei em tirar minha vida! Eu era um doente dentro do hospital!
Silenciei-me, pois tinha medo de ser discriminado, de ser exposto e
envergonhado. Tinha momentos felizes, mas não era feliz. Não culpo a igreja,
pois não acredito que ela tivesse a intenção de causar-me mal. Ainda amo
aquelas pessoas, embora muitas delas sequer consideram-me como irmão. Alguns
amigos, ao saber quem eu era, afastaram-se. Foi difícil, mas oro por essas
pessoas e peço que o Espírito Santo trabalhe em seus corações, convencendo-as
sobre a necessidade de rever seu atual posicionamento sobre a homossexualidade,
compreendendo que os princípios bíblicos devem gerar vida e não morte.
Por
que Deus não curou minha homossexualidade? Porque Ele cura apenas o que é enfermidade. O Senhor age e atua
exatamente onde precisamos (Jeremias 1.4-10). Deus nos faz entender que nós, obra
de suas mãos, somos especiais em nossa constituição, determinada por Ele (Salmo
139.14). Ele também deseja que não questionemos a identidade e a natureza com a
qual nos formou. (Romanos 9.20). O Senhor deseja que aceitemos quem somos, que
tenhamos amor próprio. (Marcos 12.31).
Quando
entendi tudo isso, Deus iniciou um processo milagroso de cura! Todas as
enfermidades que assolavam minha vida foram saradas! Minha orientação sexual
não mudou, pois não era esse o propósito de Deus, antes, curou-me daquilo que
me foi causado e me fez experimentar, em Cristo, uma nova vida, com alegria e
abundância! (2ª Coríntios 5.17; João 10.10).
Obrigado,
Senhor!
Alexandre Feitosa
Adorei o texto Alexandre, acredito muito nisso!mas eu tenho uma duvida...
ResponderExcluirEu sei que ser não é opção e que Deus jamais condenaria o amor entre iguais, mas existem também algumas pessoas que desde os 12 anos ou algo assim sentiu atração por pessoas do mesmo sexo e quando se relacionou com Deus,mudou e passou a gostar de pessoas do sexo oposto.
Sei que muitos sofrem por não conseguirem mudar porque Deus não planeja isso para eles, entendo isso mas existem pessoas que mudam.
Como explicar isso?
Cada caso é um caso, e não é possível dizer oque acontece com todos de uma forma genérica. Seria preciso analisar individualmente cada questão e historia de vida destas pessoas para saber o que realmente significa esta “mudança”.
ExcluirEm minha experiência, onde já ouvi centenas de relatos de “mudanças” de orientação sexual, na grande maioria de ex-ex-gay, onde em algum momento da vida a pessoa declarou esta transformação, o que se observa são 2 tipos principais de casos:
1º Mudança de comportamento explicito para se adequar ao que o seu meio social (amigos, família, igreja, etc.) estava demandando dele, e não uma mudança de orientação sexual (desejo). Em outras palavras, a pessoa não mantem mais relações com pessoas do mesmo sexo, fala que mudou para não ser mais acusada e condenada, mas interiormente, continua sentindo desejos e tendo fantasias homossexuais. Isso não é cura, nem mudança real, isso e repressão afetiva e sexual, e pode causar inúmeras doenças comportamentais, emocionais e psicológicas, levando ao desenvolvimento de patologias como estresse, depressão, comportamentos autodestrutivos e até mesmo ao suicídio.
2º A experimentação sexual homossexual (principalmente em adolescentes), onde a pessoa inicia experiências homossexuais por curiosidade ou qualquer outra razão, e por não ser completo ou satisfatório para ela, acaba se voltando para a sua orientação sexual verdadeira (bissexualidade ou heterossexualidade) que podia ainda não estar clara para o individuo. Neste caso, a pessoa nunca foi homossexual, teve apenas experiências homossexuais, o que é muito diferente. Mas como o senso comum costuma julgar apenas o comportamento superficial, acabam dizendo que estas pessoas eram homossexuais e que “mudaram”, sendo que na verdade, sempre foram heterossexuais mesmo.
Historias de pessoas que declararam “serem homossexuais” e que “mudaram”, “virando” heterossexuais são muito comuns. Mas a maioria destes casos tem origem no preconceito e na repressão religiosa.
Os ditos ex-gays não foram curados depois que encontrou "jesus", por conta do preconceito estes se trancaram no fundo do armário, e até constituíram família com o sexo oposto. Não é cura é ilusão apenas.
ResponderExcluirA pessoa pode até não ficar com outras do mesmo sexo, mas o sentimento, atração pelo mesmo sexo continuará, e para ser aceito diz tr sido "curado" da homossexualidade.
Parabéns! Belo texto. Até me identifico. Sou hétero e também fui curada de doença parecida, cuja causa é igual. Hoje não sou mais cristã por questão de estudo mesmo, sobre origem, fundamentos e mitos do cristianismo e da Bíblia. Porém, respeito quem baseia sua fé em Jesus. Como qualquer religião, tem seu lado bom, pessoas de bom caráter e princípios úteis. O problema está na visão exclusivista, isoladora, absoluta, que se considera única verdade e único caminho. É o que segrega, exclui, oprime e adoece quem se aproxima. Não gosto de generalizar, mas arrisco-me a dizer que boa parte, senão a maioria, dos membros dessas igrejas se sente oprimida em alguma questão.
ResponderExcluirEspero que a teologia cristã e o cristianismo continue evoluindo nesse seu rumo. Para o bem de todos.