Bíblia e Homossexualidade: Resenha

Esta semana, recebi o seguinte e-mail, que muito me alegrou:

Ter contato com esta obra foi de uma experiência peculiar na minha vida. Fez nascer em mim uma nova expectativa de vida com Deus, que me fora arrancada com a minha exclusão do rol de membros, anunciada na Escola Bíblica Dominical. Já se foram quase dez anos, mas parece que foi ontem que tentei de todas as formas ser "liberto", sem nenhum progresso. Bom, mas o que importa é que através das suas pesquisas eu me sinto seguro em voltar (eu e meu companheiro). Estou emocionado... Sempre tive vontade de estar na igreja, até frequentei algumas, infelizmente não me sentia incluído. Hoje quero conhecer mais a respeito da Teologia Inclusiva e servir a Deus novamente.

Obrigado por deixar-se ser usado e que Deus lhe abençoe nesta árdua missão.

Ass. Frank Pereira

Bíblia e Homossexualidade: verdade e mitos

 (resenha por Frank Pereira)

O livro Bíblia e Homossexualidade: Verdade e Mitos (Metanoia Editora), possui pouco mais de 109 páginas com 6 capítulos distribuídos em, no máximo três títulos por capítulo, e aborda um dos temas mais conflituosos e polêmicos da atualidade. Escrito pelo professor e pastor Alexandre Feitosa, o qual defende uma interpretação bíblica de forma histórica, cultural e científica no âmbito da homossexualidade.

Na introdução, Alexandre Feitosa deixa claro o objetivo final. No primeiro parágrafo o autor coloca a situação problema a ser defendida:

“... nos países ocidentais, religiosamente embasados no Cristianismo, o principal argumento contra a homossexualidade busca suas fontes na autoridade dos textos bíblicos, cujas interpretações tradicionais conduzem a uma visão heterocêntrica para a moral sexual da humanidade. Essa visão heterocêntrica tem sido, ao longo da História secular e religiosa, responsável por uma série de (pré) conceitos acerca da diversidade sexual humana; conceito que marginalizam, dividem e destroem inúmeras vidas diariamente.”

Para compor sua tese são aplicados os princípios da Hermenêutica e da Exegese, usando o método histórico-critico de interpretação para formar conceitos fora do que tem sido apregoado e seguido pela grande massa humana mundial no que diz respeito a tal “comportamento”. Ainda são apresentadas algumas palavras científicas pouco utilizadas para reafirmar sua ideia central, por exemplo, homoafetividade e homogenitalidade:

a) “... homoafetividade não é sinônimo de homogenitalidade. O componente sexual como entrega recíproca deve ser a consequência de sentimentos que começam num olhar e terminam no compromisso estável entre as partes envolvidas. O amor é um sentimento universal, e não constitui exclusividade dos heterossexuais.” b) “... A Bíblia não trata desse assunto, apenas faz referencia a atos homogenitais em contextos e situações muito diferentes das uniões homoafetivas estáveis de hoje.”

Com essas colocações entende-se a diferença entre a prática homogenital e a do sentimento de amor entre pessoas do mesmo sexo (homoafetividade), cruciais para o entendimento do livro.

Os capítulos 1,2 e 3 buscam a luz do Antigo Testamento destrinchar posições ortodoxas as quais levam a visão de que a homoafetividade é uma prática contraria a teoria da criação citada no livro de Genesis, onde Deus criara somente homem e mulher, contudo, Feitosa salienta as questões históricas e socioculturais para defender sua posição. São abordados ainda alguns acontecimentos bíblicos utilizados pelos tradicionalistas para firmar a ideia contraria a homoafetividade, a saber, a destruição de Sodoma e Gomorra (capítulo 2 do livro) e as leis impostas no livro de Levítico (capítulo 3 do livro). Em todas as argumentações o autor é enfático e detêm-se de provas reveladoras, sempre abordando princípios científicos, normas de interpretações, conceitos históricos, trabalhos arqueológicos, bem como várias traduções da Bíblia, incluindo as de línguas épicas e/ou medievais.

A atenção do professor Alexandre Feitosa neste livro também é voltada para o Novo Testamento (capítulos 4,5 e 6). Seguindo o mesmo princípio explicativo abordado nos primeiros capítulos, os últimos propõem ao leitor um questionamento acerca das “verdades” aprendidas, já que o Novo testamento fala a respeito do posicionamento de Jesus Cristo acerca do tema (capitulo 5), e também por aproximar a cultura e costumes da época à cultura e costumes atuais, denotando assim maior clareza na tese defendida.

No apêndice, o leitor recebe uma releitura do curioso caso de amizade de Davi e Jônatas, (muito questionado por homoafetivo e com fracas explicações por parte dos teólogos tradicionais) fortificando, contudo, o conteúdo aplicado e conduzindo os analistas do assunto a um estado de curiosidade e percepção.

É preciso ater não somente ao que se é colocado por A ou B, mas fundamentar-se, portanto, no empirismo, na ciência e no bom senso que pode ser capaz de associado com tais ensinamentos, ter novos conceitos. Bíblia e Homossexualidade: Verdade e Mitos, produz uma profunda reflexão sobre o assunto, o qual se mantém sólido em todo o conteúdo, sabendo que não é comum uma abordagem neste nível, sendo, por fim, aconselhável a todo estudioso, teólogo, líder religioso e a sociedade em geral.

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