segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Silas Malafaia Fala Demais!

Bimestralmente, costumo comprar as edições da revista Cristianismo Hoje. Gosto de suas matérias, muito pertinentes, normalmente com excelente abordagem bíblica e teológica. Esse meu parecer, contudo, não significa que concorde com tudo o que a referida revista publica. Sigo o conselho de Paulo, examinando tudo e retendo o que é bom (1ª Tessalonicenses 5.21). Algumas matérias até me surpreenderam, como a entrevista do Reverendo Desmond Tutu. Sua fala acerca da homossexualidade foi ao encontro do que pregamos na Teologia Inclusiva. A edição deste bimestre, inclusive, faz menção ao crescimento das igrejas inclusivas, sem nenhum juízo de valor! Entretanto, um dos artigos de que mais gostei faz uma avaliação sobre a influência exercida pelo pastor Silas Malafaia, derrubando o mito de que todos os evangélicos aprovam o que ele diz. Parabéns ao colunista Valdemar Figueredo por sua coragem em expor o que pensa! Segue para os nossos leitores:

SILAS MALAFAIA FALA DEMAIS!

Os evangélicos, por acaso, estão concordando com as suas opiniões?

Valdemar Figueredo

Às vezes, acerta. Mas, no volume com que se pronuncia, desconfio que não consiga se lembrar de quando falou demais. Ainda que ninguém tenha perguntado, ele, exaltado, emite suas opiniões, que mais parecem vereditos. É verdade que fala em nome dele mesmo; porém, fica parecendo que acredita piamente que é o grande formador de opinião do rebanho evangélico no Brasil.
O pastor midiático escracha geral no mais puro estilo popularesco. Língua solta mesmo, como a dos seus correspondentes televisivos Wagner Montes (Rede Record), Ratinho (SBT) e José Luiz Datena (Band). O diferencial de Silas Malafaia é que, entre os seus arroubos performáticos, ele cita textos bíblicos para justificar ou legitimar suas falas. Impressiona o quanto é autoconfiante!
Silas Malafaia não suporta abreviaturas: LGBT, Iurd, CGADB, CPAD, PL 122, PNDH, PT etc. Quando se trata de sopa de letrinhas, Malafaia entorna o caldo. O pastor em questão notabiliza-se pela lista extensa de desafetos: Dilma Rousseff, Caio Fábio, Marcelo Freixo, Fernando Haddad, Valdemiro Santiago, Satanás, Marina Silva, Jean Willys, Marco Feliciano e os seus eventuais sucedâneos. Quem atravessa na frente no feroz profeta pode se arrepender, pois Silas Malafaia paga para entrar numa briga e, quanto mais crescem as polêmicas, mais lucra. Quando se trata de osso duro, o Malafaia não é de roer: prefere triturar. Tudo em nome da verdade. É claro!
Na década de 1990, na bancada do programa 25ª Hora, que era veiculado na Rede Record com a direção do pastor Ronaldo Didini, Silas Malafaia ganhou projeção nacional mostrando destreza nas esgrimas verbais. Na década seguinte, já distante da Igreja Universal, dona da emissora e que patrocinava o programa, ele tinha cadeira cativa no debate do Rádio El Shadai da Rádio 93,3 FM do Rio de Janeiro, do grupo de comunicação do deputado federal Arolde de Oliveira (PSD-RJ). Tanto na TV como no rádio, a liderança de Silas Malafaia sempre esteve relacionada com um tipo bem peculiar de apologética.
Rompeu com a Iurd. Rompeu com a Convenção Geral das Assembleias de Deus, a CGADB. Rompeu com as alianças políticas de ocasião (FHC, Lula, Garotinho). Não rompe para sobreviver, mas para crescer.  Neste tempo de crescimento, criou o seu mundo com o poder da sua palavra: uma denominação, a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, fruto de seu desligamento com a CGADB; um programa de TV diário em rede nacional, o Vitória em Cristo, exibido por três emissoras abertas; a Associação Vitória em Cristo; a gravadora Central Gospel; a editora Central Gospel; e o portal Verdade Gospel.
Olhando para as igrejas evangélicas no Brasil, é o caso de se perguntar: por que a atuação de Silas Malafaia provoca esse emudecimento geral? Os crentes, por acaso, estão concordando com as suas opiniões? Os intelectuais evangélicos comentam à boca miúda, nos seus congressos vazios, os horrores malafalianos – mas não passa disso. Em seus gabinetes, pastores dizem que não concordam com muita coisa que ele faz e fala, mas não vêm a público afirmar isso. Parece que poucos estão dispostos a desautorizá-lo a falar em nome do grupo religioso que eles também representam. Pelo tempo decorrido desde que Silas Malafaia tornou-se o que é hoje, já era para a fase da perplexidade ter passado. A grande mídia evangélica não tem tradição de debate; prefere anunciar produtos a publicar ideias. Quanto aos pastores, perderam a voz ou consentem com o silêncio.
Fico na expectativa de que alguém por perto diga a ele que tamanha exposição gera uma monstruosa vulnerabilidade. Silas Malafaia tem muitos exemplos de quedas monumentais de pessoas que, como ele, partiram para uma superexposição midiática a fim de anunciar Evangelho e acabaram se perdendo: foram longe demais e esqueceram o caminho de volta. Já foi provado que aigreja eletrônica gera mais antipatia do que conversos; enche mais bolsos do que almas; constrói mais celebridades do que gente; reúne mais multidão do que rebanho.
Tomara que, no futuro, este texto soe ridículo. Algo do tipo: devaneios de um recalcado. A esta altura do campeonato, contudo, falo somente por mim: o pastor Silas Malafaia não me representa. Envergonho-me da forma como se dirige aos evangélicos. Envergonho-me das suas grosserias com Bíblia na mão desancando a sociedade brasileira. Envergonho-me das suas inserções políticas em período eleitoral, plantando factoides. Envergonho-me da nossa falta de vergonha em não desautorizá-lo.


4 comentários:

  1. O QUE VOCES ME DIZ DE ROMANOS1:16-32, ME RESPONDA SE FOREM CAPAZ...SÃO TREVAS SEM A LUZ E SEM A VERDADE QUE SE CHAMA JESUS CRISTO...

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    Respostas
    1. Graça e paz, Anônimo.

      Conhecemos muito bem o referido texto e somos capazes de responder sobre ele sem nenhum temor. Ao que tudo parece, talvez seja você que não conhece o teor desse texto, pois, se conhecesse a fundo, saberia que ele não tem nenhuma relação com a homoafetividade. Mas segue um link, caso você tenha interesse em conhecer mais:
      http://teologiaeinclusao.blogspot.com.br/2011/07/conversa-franca-sobre-romanos-1.html

      Abraços e volte sempre!

      Pr. Alexandre Feitosa

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    2. pr.alexandre feitosa me perdoe mais o senhor nao tem nehuma altoridade pastoral para falar ou levanta ipoteses , de silas malafaia pois eu conheço seu ministerio. é benção. vai orar mais querido.

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  2. Irmão Anônimo, graça e paz.

    Informo que você deve escrever para o autor do texto, o colunista Valdemar Figueredo, da revista Cristianismo Hoje. Assino embaixo o que ele escreveu, mas não sou o autor. Esse texto veio para provar que nem todo evangélico pensa como esse pastor, apenas isso.

    Que Deus te abençoe,

    Pr. Alexandre Feitosa

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