terça-feira, 13 de novembro de 2012

O Consumismo Fetichista LGBT


A sociedade ainda não conseguiu discernir que a comunidade LGBT não é um bloco monolítico. Normalmente, a visão tradicional com relação a gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros está condicionada ao padrão de uma cultura gay secular, cuja visibilidade é inquestionável. Entenda-se como cultura gay secular aquela que, dentre outras coisas, padroniza os corpos, transformando-os em meros objetos de consumo fetichista. A visibilidade dessa cultura contribui diretamente para a formação de um senso comum equivocado e limitado sobre pessoas LGBT. 
Certamente estamos vivendo em uma cultura banalizada sexualmente,  quer pela mídia, quer pelos eventos promovidos com esse intuito, algo generalizado, que atinge não apenas a comunidade LGBT, mas a comunidade heterossexual também. Ao formatar os corpos (homens sarados e viris, ou seja, heteronormativos), essa cultura não contribui para a promoção da igualdade, antes revela que há, no meio LGBT secular padrões que revelam um grau maior ou menor de prestígio e aceitação.

Este post tem a finalidade de refletir um pouco sobre a postura adotada pela cultura gay secular que promove festas, feiras, paradas e afins. Frequentemente, os cristãos convencionais lançam mão do relato de Romanos 1 para condenar o que eles chamam de estilo de vida gay. Tal recurso bíblico não é de todo inválido. Da mesma forma que hoje temos uma cultura focada no culto ao corpo e ao prazer sexual, não foi diferente nos tempos de Paulo, que presenciou um mundo dominado pelo hedonismo. “O hedonismo consiste em um conjunto de doutrinas que elevam o prazer ao status de bem supremo, não importando os meios de se obtê-lo. O hedonismo tornou-se um ideal de vida na cultura romana, incorporando-se à religião como meio de prazer e adoração. Assim, pode-se facilmente defini-lo, como uma espécie de ídolo.” (Conhecimento e Graça, Lições Bíblicas, Introdução à Teologia Inclusiva, p. 40)
Feira Cultural LGBT em Anhangabaú - SP
Nós, cristãos LGBT, temos a missão de desconstruir, ao menos em parte, o senso comum que ainda reina ao nosso respeito, não nos comportando de acordo com essa cultura, mas refletindo os princípios cristãos, em que o nosso corpo é um bem sagrado, templo do Espírito Santo. Tal  visibilidade é importante! Jesus disse: “Vocês são o sal da terra. Ora, se o sal perde o gosto, com que poderemos salga-lo? Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Você são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada para coloca-la debaixo de uma vasilha, e sim para coloca-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam a boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.” (Mateus 5.13-16)
Não citaremos eventos como festas e paradas gays como exemplo, afinal, o apelo sexual nesses eventos não é novidade. Tomemos como exemplo a Expo Rainbow, que ocorrerá no RJ entre os dias 15 e 19/11. O evento intitula-se como o maior evento GLS (sic) da história e as fotos que ilustram o prospecto já dão uma ideia do seu teor predominante. Entre suas atrações estão: Go Go Boys e Go Go Gierls, strippers masculinos e femininos, dark room e concursos como o do homem mais bem dotado, o bumbum feminino e masculino mais belos, entre outras de cunho fetichista. As atrações que promovem a cidadania LGBT ocuparam o último espaço do prospecto de divulgação, ou seja, não ocuparam lugar de  destaque.
Feira cultural LGBT em Anhangabaú - SP
Por que a cultura gay deve ser tão fetichista? Por que quase tudo que envolve essa cultura tem um forte apelo sexual? Seria essa a melhor forma de revelarmos nossa essência, nossa identidade?! Da mesma maneira que a igreja convencional (fundamentalista ou não) combate a banalização do sexo heterossexual, nós, cristãos inclusivos, devemos, da mesma forma, combater a banalização do sexo e do corpo  que assola o mundo LGBT. Enquanto a sociedade (política, escola, igreja, família) enxergar os LGBT como seres ávidos por corpos sarados e sexo, a conquista de nossos direitos será questionada. Estamos em desvantagem com relação à população heterossexual, sem dúvida. Somos vítimas históricas da heteronormatividade, que produz a homofobia. Entretanto, essa desvantagem deveria ser compensada por uma postura diferenciada, em que o sexo fosse encarado como um bem íntimo a ser desfrutado nas relações estáveis, não como uma atração pública, uma mercadoria a ser adquirida em pretensas feiras culturais. Não é preciso ser cristão para refletir essa postura.
“O hedonismo não morreu, mas permanece em evidência com uma nova roupagem. O culto ao corpo, à liberdade e ao prazer sexual está em alta. O sexo banalizou-se. Deixou de ser patrimônio familiar para tornar-se um bem público. Embalada por uma cultura sexualmente decadente e degradante, a promiscuidade avança produzindo escravos de sua própria concupiscência (Tiago 1.14). É tempo de fazer a diferença e testemunhar que não somos guiados pela cultura decadente deste século, mas pelo Espírito de Deus. Do contrário, nada, nem mesmo a Teologia Inclusiva, nos livrará de sermos acusados com base em Romanos 1. “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito”. Gálatas 5.25. (Conhecimento e Graça, Lições Bíblicas, Introdução à Teologia Inclusiva, p. 42)
A exemplo do hedonismo, que reinou nos tempos do apóstolo Paulo, não resta dúvida de que eventos desse viés fazem sucesso em grande parcela do meio LGBT! Entretanto, como cristãos, fiquemos com a Bíblia, que diz: “Já que queremos nos tornar espiritualmente como o Senhor, não devemos buscar o tipo de sexo que foge do compromisso e da intimidade [...]. No pecado sexual violamos a sacralidade do corpo, que foi feito para o amor idealizado por Deus [...] Ou vocês não sabem que o corpo é um lugar sagrado, onde mora o Espírito Santo? [...] Deixem que as pessoas vejam Deus no corpo de vocês e através dele.” 1 Coríntios 6.16-20 – Bíblia A Mensagem.

6 comentários:

  1. Concordo! Gostei da frase que diz '' Não é preciso ser cristão para refletir essa postura.'', levando em conta que a nossa postura, ou melhor dizendo, a nossa conduta é reflexo de um (meio) em que vivemos e de que somos influenciados,regidos e formados por tal. Dizer que seria diabólico, talvez seria um pouco de exagero dogmático ao meu ver. Contudo, quando falamos de que consequências são atribuídas a comunidade LGBT por sua tão explícita erotização e banalização moral não estamos falando ao vento, isso é fato! Defendo a ideia de que podemos ser mais com menos. Mais respeito para com nossa comunidade e sociedade e menos consequências e intolerâncias serão experienciadas.

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  2. Concordo plenamente. Me indentifiquei muito com sua reflexão e concordo que enquanto permanecermos sendo vistos nesta otica sexual e promiscua, jamais conquistaremos nossos almejados direitos. Acredito que o preconceito e a homofobia sejam fruto desta suposta cultura que mostra a sociedade, que nós homossexuais somos pessoas imorais. A maioria dos homossexuais são erotizados tem o sexo como nucleo em suas vidas e devido á esse tipo de comportamento todos nós somos exteriotipados. Temos que nos movimentar e conquistar visibilidade para mostrar que nem todo homossexual tem essa postura. parabéns otimo post.

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  3. A crítica que Alexandre faz nesse texto que postou (A erotização do mundo LGBT) poderia ser cabível caso não "pecasse" num equívoco fundamentalista básico: condenar o erotismo quando, na realidade, o que menos costuma ter nesses eventos seja isso. Tanto no dicionário Aurélio quanto no Dicionário de Filosofia de Nicola Abagnanno, o erotismo está relacionado a tudo o que se refere ao amor. O que há no meio LGBT e, talvez, possa ser o caso da Expo Rainbow - talvez - é a prática do fetichismo capitalista - algo comumente praticado também no meio religioso - cuja finalidade é tornar as relações como pura relações de consumo, perdendo-se relações de comunhão entre as pessoas. Aliás, o ato sexual é um poderoso instrumento de sociabilidade humana, mas devido ao fetichismo capitalista casado com o moralismo religioso cristão, não há sociabilidade porque não há erotismo e sim puro consumismo. Contudo, infelizmente, as raízes fundamentalistas de Alexandre impedem-no de ver o que de fato tem tornado o nosso meio em espaço fútil e vazio de sociabilidade sadia, gratuita, erótica e humana.

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    1. Olá, obrigado pela participação em nosso Blog!

      De fato, as terminologias às vezes nos confundem. Quando utilizei a palavra "erotização", não pretendi dar a ela o sentido primário do amor, mas o sentido da banalização dos corpos e do sexo, especialmente quando utilizados comercialmente. Utilizei o termo que seria mais compreensível pelas pessoas. Eu desconhecia o termo "fetichismo capitalista".

      Segundo suas palavras, minhas raízes fundamentalistas me impedem de ver o que de fato tem tornado nosso espaço fútil e vazio de sociabilidade sadia. Poderia esclarecer as causas do que você denomina "o nosso espaço fútil e vazio de sociabilidade sadia?"

      Valeu pelo esclarecimento! Abraços e volte sempre!

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  4. Mais um vez, o Pr. Alexandre decide me deixar "riscando o chão" com as verdades inconvenientes que poucos querem ouvir.

    O forte apelo erótico no público LGBT se deve ao estímulo às relações sexuais desde a mais tenra idade.

    Este estímulo precoce é alimentado ao longo dos anos e o ser homoafetivo cresce altamente estimulado pelos ligados ao sexo.

    O mercado, sabendo disso, busca aproveitar ao máximo esse impulso forte que tente ao sexo com produtos que visam maximizar o prazer.

    Óleos aromáticos, gel, calcinha comestível, vibrador, filmes pornográficos, etc. A quantidade não tem limite da mesma forma que o apetite das pessoas também não.

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    1. Olá, Rick! Obrigado pela participação...

      De fato, vivemos em tempos difíceis, em que a banalização do sexo está cada vez mais forte.

      É interessante lembrar que esse fenômeno não ocorre apenas na comunidade LGBT, mas é algo generalizado.

      O sexo é algo divino (em todos os aspectos)e que pode e deve ser plenamente vivenciado, seguindo-se, claro, uma série de princípios, caso queiramos cumprir o propósito de Deus em nossas vidas.

      Essa palavra não é para todos, apenas para aqueles que acreditam que, como templos do Espírito Santo, nossos corpos são livres em Cristo, porém destinados a um uso responsável.

      Abraços fraternos,

      Pr. Alexandre Feitosa

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