segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Jesus Aboliu o Levítico?

         

            Hoje recebemos a seguinte dúvida com relação ao livro de Levítico:


Duas coisas que pra mim estão realmente fazendo uma bagunça nas minhas crenças. Pra resumir: sempre argumentamos que Cristo pôs fim à Lei, logo as proibições de Levítico 18.22 e 20.13 não são mais válidas pra hoje. No entanto, se isso é verdade, a conclusão lógica é de que queimar crianças no fogo, o sexo com animais e o incesto são permitidos, principalmente o sexo com animais, porque se a homossexualidade era condenada por ser usada no culto pagão então a bestialidade (zoofilia) também é permitida hoje porque era usada em culto pagão e o Novo Testamento não condena isso. M.S.
Por Alexandre Feitosa

Muitos teólogos inclusivos têm apelado para argumentos com pouca sustentação bíblica a fim de invalidar as ordenanças do livro de Levítico em sua totalidade. Argumentam que hoje não é pecado comer carne suína, peixes de pele, dentre outros – animais considerados imundos, portanto, se essas proibições não estão mais em vigor, por que estaria o sexo entre homens mencionado em Levítico 18.22?
Outro argumento de que Levítico foi totalmente abolido diz respeito a Jesus. Argumentam que Cristo, ao cumprir a Lei, anulou todos os preceitos de Levítico. Isso não é verdade! É claro que muitas das proibições desse livro hoje foram absolutamente suplantadas por sua missão, que nos livrou do jugo da Lei (Gálatas 3.23-26). Entretanto é um equívoco acreditar que Lei e Levítico sejam palavras sinônimas. Não são. Embora esse livro seja um bom exemplo dos preceitos da lei mosaica, muitas de suas ordenanças continuam em pleno vigor! Basta lembrarmos que o próprio Cristo recorreu ao Levítico quando resumiu toda a lei em dois mandamentos! (Compare Levítico 19.18 com Mateus 22.39). Jesus aboliu a Lei no sentido de que nós, gentios, não somos mais obrigados a cumprir os preceitos do Judaísmo, como a circuncisão, a guarda do sábado, dentre outros.
A proibição aos atos homossexuais descritos em Levítico 18.22 e 20.13 estaria em vigor? Estaria na medida em que as motivações sejam as mesmas, ou seja, o sexo ritualístico.
Alguns podem argumentar então que o sexo com animais – descritos na mesma perícope - seja hoje permitido por Deus desde que fora de um contexto ritualístico. Esse argumento tem sustentação lógica, não teológica. Quando confrontamos tais textos com a realidade da homoafetividade, o entendimento dessas proibições ganha novos contornos. A Teologia inclusiva consegue discernir muito bem o sexo promíscuo, as parafilias e o sexo praticado nos relacionamentos homoafetivos estáveis.
Será que Deus aprova toda forma de sexo entre homens, ainda que não seja praticado em um contexto ritualístico? De forma alguma! Os princípios bíblicos para o sexo permanecem inalterados, ou seja, biblicamente, o sexo torna-se uma bênção para as pessoas quando estas constituem um casal que vive de maneira estável, ou seja, quando há compromisso e aliança entre as partes. O sexo promíscuo (prostituição), o sexo sem compromisso (fornicação) e as parafilias (como a zoofilia e o incesto – proibidos em Levítico, porém não mencionados no Novo Testamento) são incompatíveis com o conceito de afetividade, estabilidade e aliança, portanto, permanecem como pecados sexuais, sejam praticados por homossexuais ou heterossexuais, em um contexto ritualístico ou não.

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